Oscar Niemeyer – Principais obras
Em 1957, Niemeyer abre um concurso público para o plano piloto da nova capital Brasília. O projeto vencedor é o apresentado por Lúcio Costa, seu amigo e ex-patrão. Niemeyer, arquiteto escolhido por Juscelino, seria responsável pelos projetos dos edifícios, enquanto Lúcio Costa desenvolveria o plano da cidade. Brasília foi um grande desafio; a cidade foi construída na velocidade de um mandato, e Niemeyer teve de planejar uma série de edifícios em poucos meses para configurá-la. Entre os de maior destaque estão a residência do Presidente (Palácio da Alvorada), o Edifício do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), a Catedral de Brasília, os prédios dos ministérios, a sede do governo (Palácio do Planalto) além de prédios residencias e comerciais. A determinação de Kubitschek foi fundamental para a construção de Brasília, levando para frente sua intenção de desenvolver o centro despovoado do Brasil, ao exemplo da marcha do oeste norte-americana): povoar o interior e levar o progresso Brasil adentro. O projeto de Lúcio Costa, vencedor do concurso, punha em prática os conceitos modernistas de cidade: o automóvel no topo da hierarquia viária, facilitando o deslocamento na cidade, os blocos de edifícios afastados, em pilotis sobre grandes áreas verdes. Brasília possui diretrizes que remetem aos projetos de Le Corbusier na década de 20 e ainda ao seu projeto para a cidade de Chandigarh, pela escala monumental dos edifícios governamentais. A cidade de Lucio Costa também possui conceitos semelhantes aos dos estudos de Hilberseimer.
""…quem for a Brasília, pode gostar ou não dos palácios, mas não pode dizer que viu antes coisa parecida. E arquitetura é isso – invenção." | |
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Nesta nova cidade projetada, levou-se em conta o ideal socialista, onde todas as moradias pertenceriam ao governo e seriam utilizadas pelos funcionários públicos. Nesta visão, todos os funcionários, fossem serventes ou parlamentares, deveriam habitar os mesmos prédios. A construção de Brasília foi controversa; os preceitos do urbanismo modernista já sofriam críticas antes mesmo do ínicio de sua construção, devido a sua escala monumental e à prioridade dada ao automóvel. Brasília cresceu de forma não prevista e cidades-satélite surgiram para acomodar a crescente população. Atualmente, apenas uma pequena parcela dos habitantes do Distrito Federal habita na área prevista pelo plano piloto de Lúcio Costa.
O Palácio da Alvorada foi o primeiro edifício público inaugurado em Brasília, em junho de 1958. Nesta obra Niemeyer desenha pilares em um formato inusitado. A forma dos pilares da fachada deu origem ao símbolo e emblema da cidade, presente no brasão do Distrito Federal.
O Palácio do Planalto foi inaugurado no dia da transição da capital, em 21 de abril de 1960. Durante a construção do edifício, a sede do Governo funcionou no Catetinho, um sobrado de madeira, nos arredores de Brasília. É um dos edifícios da Praça dos Três Poderes, sendo os demais o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.
Em 1964 viaja para Israel a trabalho e volta para um Brasil completamente diferente. Em março o presidente João Goulart, (Jango), que assumira após o presidente eleito Jânio Quadros renunciar, havia sido deposto por um golpe dos militares, que assumem o controle do país e instauram um regime de ditadura que duraria 21 anos. O comunismo de Niemeyer lhe custou caro. No período da ditadura militar do Brasil, a revista Módulo, que dirigia, tem a sede parcialmente destruída, o escritório de Niemeyer é saqueado, seus projetos passam a ser recusados e a clientela desaparece.[23]
Le Volcan (Centro Cultural Le Havre). Inaugurado em 1982.
Em 1965, 223 professores, entre eles Niemeyer, se demitem da Universidade de Brasília, em protesto contra a política universitária e retaliações do Governo Militar.[24] No mesmo ano viaja para França, para uma exposição sobre sua obra no Museu do Louvre.
No ano seguinte, impedido de trabalhar no Brasil, muda-se para Paris. Começa aí uma nova fase de sua vida e obra. Abre um escritório nos Champs-Élysées, e tem clientes em diversos países, em especial na Argélia, onde desenha a Universidade de Constantine e, em 1970, a mesquita de Argel. Na França, projeta a sede do Partido Comunista Francês (doação), a Bolsa de Trabalho de Bobigny, o Centro Cultural Le Havre e na Itália a Editora Mondadori.
Em Portugal tem apenas uma obra, na cidade do Funchal, o Pestana Casino Park, um projecto de 1966, mas concluído em 1976 e que é composto por três edifícios: um cassino, um centro de congressos e um hotel de cinco estrelas.
Mão, escultura de Niemeyer em São Paulo, 1989
Niemeyer retorna ao Brasil no começo dos anos 80, no início da abertura política, quando da anistia dos exilados no governo João Figueiredo. Na ocasião o antropólogo Darcy Ribeiro, amigo de Niemeyer, era vice de Brizola, ex-exilado e governador do Rio de Janeiro eleito em 1982. Para consolidar os projetos educacionais e culturais de Darcy Ribeiro, Niemeyer projeta os CIEPs e o Sambódromo do Rio de Janeiro, que possui salas de aula sob as arquibancadas.
Projetou ainda na década de 80 o Memorial JK, a sede da Rede Manchete de Televisão (1983), o Panteão da Pátria em Brasília (1985) e o Memorial da América Latina (1987), em São Paulo.
Em 1988, é criada a Fundação Oscar Niemeyer a fim de preservar o seu acervo de cerca de 500 trabalhos.
O Memorial da América Latina, localizado no bairro da Barra Funda, na cidade de São Paulo, inaugurado em 18 de março de 1989, possui o conceito e o projeto cultural desenvolvido pelo antropólogo Darcy Ribeiro.
Em 1996, aos 89 anos, projetou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, MAC em um terreno que o próprio escolheu quando andava de carro por Niterói. Considerado uma de suas grandes obras, o projeto do MAC integra a arquitetura com o panorama da Baía de Guanabara, a praia de Icaraí e o relevo do Rio de Janeiro.
Museu Oscar Niemeyer, Curitiba. Inaugurado em 2002
Em 22 de Novembro de 2002 foi inaugurado o complexo que abriga o Museu Oscar Niemeyer, na cidade de Curitiba, Paraná. Por sua forma inusitada, o museu é popularmente chamado de Museu do Olho ou Olho do Niemeyer.
Em 2003, Niemeyer foi escolhido para projetar seu primeiro edifício na Grã-Bretanha, um anexo provisório na Serpentine Gallery — uma galeria londrina que constrói a cada ano um pavilhão no Jardim do Hyde Park. Apesar de sua preferência pelo concreto, Niemeyer optou pela execução em aço devido ao caráter temporário da obra, que pedia uma arquitetura desmontável.
Em 15 de dezembro de 2006, com quase 50 anos de atraso, foi inaugurado o Museu Nacional Honestino Guimarães e a Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola, que formam, juntas, o maior centro cultural do Brasil, denominado Complexo Cultural da República, na Esplanada dos Ministérios em Brasilia. O Complexo, de 91,8 mil metros quadrados custou 110 milhões de reais ao Governo do Distrito Federal.[26] A inauguração foi programada para coincidir com o 99º aniversário de Oscar Niemeyer.
Conjunto projetado por Oscar Niemeyer de construções pela paisagem da orla da cidade de Niterói, Rio de Janeiro, em caráter complementar ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) em um caminho entre o centro da cidade e os bairros da zona sul, formando um complexo cultural, o Caminho Niemeyer. Integram além do MAC, a estação de catamarãs de Charitas, o Teatro Popular de Niterói, o Memorial Roberto Silveira e a Praça JK– ainda em construção estão o Museu do Cinema Brasileiro e a sede da Fundação Oscar Niemeyer.
Em 2006 concebe em Goiânia um complexo que leva o seu nome Centro Cultural Oscar Niemeyer, em sua homenagem. Também foi convidado a elaborar o projeto arquitetônico do novo centro administrativo do governo de Minas Gerais. Este centro localiza-se entre a capital mineira e o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins). Mais um projeto ousado que – dentre outras edificações no local – prevê uma laje de quase 150 metros apoiada em apenas dois pilares.
Niemeyer completou em 2007 o centésimo aniversário[27] perfeitamente lúcido e ativo. Neste mesmo ano, no dia 12 de dezembro ele recebeu a mais alta condecoração do governo francês pelo conjunto de sua obra, o título de Comendador da Ordem Nacional da Legião de Honra.[28]
Vladimir Putin, presidente da Rússia, conferiu-lhe a condecoração da Ordem da Amizade no dia 14 de dezembro.[29] No mesmo ano de 2007 o Iphan tombou 35 obras do arquiteto, das quais 24 foram selecionadas pelo próprio Niemeyer.[8][30]
Fora do Brasil, em 2007, o arquiteto iniciou as obras do seu primeiro projeto na Espanha: um centro cultural com o seu nome (Centro Niemeyer), em Avilés, com inauguração prevista para 2010. Este projeto foi oferecido à Fundação Príncipe das Astúrias como agradecimento pela condecoração que Niemeyer recebeu, em 1989 (Prémio Príncipe das Astúrias das Artes). Do projeto constará um edifício dedicado a albergar o Museu Internacional dos Prémios Príncipe das Astúrias, onde se prestará tributo a todos os galardoados.
Ainda em 2007, ano de comemoração do seu centenário, Oscar Niemeyer aceitou ser presidente de honra do Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais CEPPES, centro de estudos fundado por Luís Carlos Prestes.
Havia projetado um balneário para Potsdam, na Alemanha, com inauguração marcada para 2007, cujas obras foram canceladas antes do início da edificação devido às suas dimensões faraônicas.
Em dezembro de 2007 foram iniciadas as obras do complexo da Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais, no bairro Serra Verde, região norte de Belo Horizonte. O projeto do complexo arquitetônico do Centro Administrativo prevê a construção de uma praça cívica e cinco edificações: a Sede do Governo de Minas Gerais, duas torres com 15 andares, um auditório, e um centro de convivência em uma área de 804 mil metros quadrados. O término das obras está programado para o início de 2010. Oscar Niemeyer é autor de quinze obras na cidade, incluindo esta em construção.[31][32]
Ainda 2007 Niemeyer fora convidado para redesenhar o prédio do Detran, de sua autoria, em São Paulo, que abrigará o novo MAC da USP.[33] No entanto, devido à grande intervenção proposta, o projeto foi vetado pelo Conpresp em abril de 2009.[34] Orçada em 120 milhões, a reforma proposta por Niemeyer ficaria além da verba disponível.[35]
Estação Cabo Branco em João Pessoa (PB).
Ainda em 2008 Niemeyer apresentou um novo projeto. A sede do Centro Cultural Casa das Américas que será na cidade de Nova Friburgo, Rio de Janeiro.[36]
Niemeyer já se dispôs a projetar um estádio de futebol no Brasil para a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil.[37]
As obras tombadas pelo IPHAN ou declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco (caso de Brasília), só podem ser alteradas com autorização do arquiteto.
Curvas, concreto armado e o maior prédio suspenso do mundo. A Cidade Administrativa de Minas Gerais [38] é considerada um dos projetos mais ousados de Oscar Niemeyer e um marco da arquitetura moderna. A obra, idealizada pelo governo Aécio Neves, vai abrigar todas as Secretarias e órgãos do Estado, a ser inaugurada .
Dar vida às formas desenhadas por Niemeyer foi um grande desafio conquistado pela a engenharia. O conjunto abriga ao todo cinco edificações. A mais impressionante delas é o Palácio Tiradentes, sede do governo, que ficará totalmente suspenso por cabos de aço, formando um vão livre de 147 metros no térreo. As Secretarias serão alocadas em dois prédios idênticos, feitos em curva, com 15 andares cada um.
Completam o cenário, um centro de convivência em formato redondo, com lojas, restaurantes e bancos, e um auditório de 490 lugares. A construção côncava, com um espaço vazado na parte de cima, representa a figura de um olho e lembra a igrejinha da Pampulha, obra que reflete bem o estilo arquitetônico de Niemeyer.
Niemeyer também produziu mobílias de design, levando à madeira prensada as curvas que já aplicava ao concreto. Foi um dos pioneiros no design de móveis no Brasil. Projetou o mobiliário do Palácio da Alvorada, o da Sede do Partido Comunista Francês e alguns móveis em parceria com na filha, na década de 1970. Os móveis de Niemeyer foram expostos em diversos museus brasileiros e salões e feiras internacionais.[39]
Em 2007, foi lançado o documentário sobre vida e obra de Oscar Niemeyer, A vida é um sopro, com direção e roteiro de Fabiano Maciel.[41]
Em 2007 foi eleito o nono gênio mundial vivo em uma lista compilada pela empresa Syntetics (Lista dos 100 maiores gênios vivos).[42]
Para os arquitetos criados pelo movimento moderno, Oscar Niemeyer posiciona-se no mais alto grau de sabedoria. Invertendo o ditado familiar de que ‘forma segue a função’, Niemeyer demonstrou que ‘quando a forma cria beleza, ela se transforma em funcional, e, portanto, fundamental na arquitetura’.
Dizem que Iuri Gagarin, o pioneiro cosmonauta russo, visitou Brasília e comparou a experiência com aterrissar em um planeta diferente. Muitas pessoas quando vêem a cidade de Niemeyer pela primeira vez devem sentir o mesmo. É audaciosa, escultural, colorida e livre – e não se compara a nada que se tenha feito antes. Poucos arquitetos na história recente têm sido capazes de convocar tal vocabulário vibrante e estruturá-lo em tal linguagem tectônica brilhantemente comunicativa e sedutora. |
— Sir Norman Foster, arquiteto [43]
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Todavia, há personalidades que não concordam com a genialidade de Niemeyer:
Sobre o projeto da biblioteca no Memorial da América Latina, na Barra Funda, em São Paulo:
A casca é uma forma inteligentíssima porque trabalha somente à compressão, sob medida para o concreto, que não tem resistência à tração. Ora, romper o trânsito dos esforços que se dirigiam tranqüilamente ao solo, para remetê-los a uma viga reta gigantesca, "a maior do mundo", é no mínimo um tremendo non sense, 95 metros. Niemeyer insiste na idéia de que isso é "avanço tecnológico" e às vezes apresenta suas "intuições estruturais" como uma homenagem à engenharia nacional. É preciso que alguém aponte a ingenuidade dessa deslocada pretensão que, ao contrário do que dizem e repetem seus admiradores, não constitui intuição estrutural: tudo não vai além de investir recursos públicos no alto custo de uma proposta tecnicamente ineficiente. |
Oscar Niemeyer | |
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Oscar Niemeyer em 2008. |
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Informações pessoais | |
Nome completo |
Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho |
Nacionalidade | Brasileiro |
Nascimento | 15 de dezembro de 1907 (102 anos) Rio de Janeiro |
Projetos significantes |
Edifícios da Esplanada dos Ministérios, em Brasília |
Prêmios |
Prêmio Pritzker de Arquitetura, dos Estados Unidos, 1988
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Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907) é um arquiteto brasileiro, considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado. Ele tem sido exaltado pelos seus admiradores como grande artista e um dos mais importantes arquitetos de sua geração[1]. Aqueles que não o admiram dizem que é vaidoso, frívolo e contraditório. Ironicamente, estes últimos deram-lhe a alcunha de "arquiteto oficial", graças ao seu grande prestígio junto aos políticos [2]. Seus trabalhos mais conhecidos são os edifícios públicos que desenhou para a cidade de Brasília.
Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein. BiografiaFilho de Oscar de Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro de Almeida [3], Oscar Niemeyer nasceu no bairro de Laranjeiras, na rua Passos Manuel, que receberia no futuro o nome de seu avô Ribeiro de Almeida, ministro do Supremo Tribunal Federal. Niemeyer foi profundamente marcado pela lisura na vida pública do avô, que como herança os deixou apenas a casa em que morava e cuja regalia era uma missa em casa aos domingos. Niemeyer passa a sua juventude sem preocupações e na boêmia, frequentando o Café Lamas, o clube do Fluminense[4] e a Lapa. Em suas palavras: "parecia que estávamos na vida para nos divertir, que era um passeio." Em 1928, aos 21 anos, casou-se com Annita Baldo, filha de imigrantes italianos da província de Pádua, e concluiu o ensino secundário. Após o casamento, diante da responsabilidade que havia assumido, começa a trabalhar e resolve retomar os estudos. Começou, então, a trabalhar na oficina tipográfica do pai e ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, de onde saiu formado como arquiteto e engenheiro em 1934. Desde sempre idealista, mesmo passando por dificuldades financeiras, decidiu trabalhar sem remuneração no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão. Não lhe agradava a arquitetura comercial vigente e viu no escritório de Lúcio Costa uma oportunidade para aprender e praticar uma nova arquitetura. Niemeyer tem somente uma filha, Anna Maria Niemeyer, que lhe deu cinco netos, treze bisnetos e quatro trinetos. Viúvo desde 2004, casou-se em novembro de 2006, com sua secretária, Vera Lúcia Cabreira, de 60 anos. Até 23 de setembro de 2009, quando foi internado, passando em seguida por duas cirurgias, o arquiteto costumava ir todos os dias ao seu escritório em Copacabana. Ultimamente, trabalhava no projeto Caminho Niemeyer, em Niterói, um conjunto de nove prédios de sua autoria.[5] Posições político-ideológicas
Com Leonel Brizola, em 2002, na casa do arquiteto. A luta política é uma das questões que sempre marcaram a vida e obra do arquiteto. Em 1945, já um arquiteto conhecido, conheceu Luís Carlos Prestes e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Niemeyer emprestou a Prestes a casa que usava como escritório, para que este montasse o comitê do partido. Sempre foi um forte defensor de sua posição como stalinista.[7] Durante alguns anos da ditadura militar do Brasil autoexilou-se na França. Um ministro da Aeronáutica da época diria que "lugar de arquiteto comunista é em Moscou".[8] Visitou a União Soviética, teve encontros com diversos líderes socialistas e foi amigo pessoal de alguns deles. Em 2007 presenteou Fidel Castro com uma escultura de caráter antiamericano: uma figura mostruosa ameaçando um homem que se defende empunhando uma bandeira de Cuba.[9][10] Em seu discurso de 2007, onde Fidel fala em aposentadoria, faz referência ao amigo Niemeyer: "Penso como (o arquiteto brasileiro Oscar) Niemeyer, que se deve ser conseqüente até o final".[11] Esta frase foi repetida em sua carta de renúncia de 18 de fevereiro de 2008.[12]
Apesar do discurso comunista, da fama de ser desapegado de dinheiro e pródigo, de ter doado diversos projetos e não ter acumulado fortuna,[4][13] seus projetos custam altas cifras ao Estado: em 2007, cobrou 7 milhões de reais pelo projeto da nova sede do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília.[14], tendo sua empresa recebido 33,5 milhões de reais do governo federal, entre 1996 e 2008, apenas por projetos de obras em Brasília.[15] Os engenheirosDada a preferência pelo concreto armado e o desenvolvimento das inúmeras possibilidades fornecidas pelo mesmo, as obras de Niemeyer contaram com a fundamental parceria dos engenheiros Joaquim Cardozo (1897–1978) e José Carlos Sussekind (1947), sendo o primeiro responsável pelo cálculo da maioria das obras da construção de Brasília e o segundo pelas obras da década de 70 até a atualidade. Juntos, Oscar Niemeyer e José Carlos Sussekind publicaram em 2002 o livro Conversa de Amigos – Correspondência entre Oscar Niemeyer e José Carlos Sussekind, uma coletânea das cartas trocadas entre os amigos desde março de 2001 até o início de 2002, onde falam de assuntos diversos: desde arquitetura e engenharia àliteratura, filosofia e atualidade política. Primeiros trabalhosObra do BerçoSeu primeiro projeto individual a ser construído foi a Obra do Berço, em 1937, no bairro da Lagoa, Rio de Janeiro. Neste edíficio nota-se a presença dos elementos defendidos na arquitetura moderna e a influência do arquiteto francês Le Corbusier: o pilotis, a planta livre, a fachada livre, possibilitando a abertura total de janelas na fachada, o terraço-jardim e o brise-soleil, pela primeira vez utilizado na vertical. Durante a construção, o arquiteto estava fora do Brasil e, ao retornar, encontrou o brise instalado de forma inapropriada, sem proteger o interior contra a insolação. Sendo assim, Niemeyer, que nada havia cobrado pelo projeto, pagou pela execução do brise na forma em que havia projetado. O prédio da Obra do Berço foi inaugurado em 1938 e em 2008 a instituição ainda o ocupa. Ministério da Educação e SaúdeEm 1936, o escritório onde Niemeyer trabalhava como estagiário, dirigido por Lúcio Costa e Carlos Leão, foi chamado pelo ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema (que anulara o concurso público ganho por Archimedes Memoria), para projetar o novo edifício do Ministério da Educação e Saúde.[16] Este projeto estava inserido no contexto político do Estado Novo, quando Getúlio Vargas, presidente do Brasil, usava a arquitetura e o urbanismo como ferramentas para ilustrar os novos rumos da nação em uma fase intermediária, que buscava se transformar de potência agrícola exportadora de café em um país industrializado. Lúcio Costa pediu assessoria ao arquiteto franco–suíço Le Corbusier, um dos grandes expoentes mundiais do Movimento Moderno e montou uma equipe de arquitetos para o desenvolvimento do projeto: Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos, Jorge Moreira, Carlos Leão e Niemeyer. O projeto segue os 5-pontos corbusianos, já realizados no Pavilhão Suíço, um prédio de apartamentos em Paris projetado por Le Corbusier em 1930. O edifício do MEC, terminado em 1943[8], eleva-se da rua apoiando-se em pilotis: sistema de pilares de concreto que mantém o prédio "suspenso", permitindo o trânsito livre de pedestres por baixo do mesmo (um espaço público de passagem). O prédio uniu os maiores nomes do modernismo brasileiro, com azulejos de Portinari, esculturas de Alfredo Ceschiatti e jardins de Roberto Burle Marx e é considerado o primeiro grande marco da Arquitetura Moderna no Brasil.[8] Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova IorqueEm 1939, Niemeyer viaja com Lúcio Costa para projetar o Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque de 1939-40. Associam-se ao escritório de Paul Lester Wiener, responsável pelo detalhamento dos interiores e stands de exposição. Em uma época em que a Europa e os Estados Unidos estavam concentrando suas potências industriais na Segunda Guerra Mundial, o Brasil estava investindo em arquitetura, o que lhe colocou na vanguarda da Arquitetura Modernista internacional, onde ainda permaneceu por várias décadas, graças em boa parte ao talento de Oscar Niemeyer. Década de 40Conjunto Arquitetônico da PampulhaEm 1940, Niemeyer conheceu Juscelino Kubitschek, na ocasião prefeito de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que tinha interesse em desenvolver uma área ao norte da cidade, chamada Pampulha. Encomendou a Niemeyer um conjunto de edificações que seriam conhecidas como Conjunto Arquitetônico da Pampulha. Igreja São Francisco de Assis
CataguasesAinda no início dos anos 40, Niemeyer recebeu duas encomendas de Francisco Inácio Peixoto: uma casa e um colégio em Cataguases. O projeto da residência de Chico Peixoto e o Colégio Cataguases, inaugurado em 1949, levaram Cataguases à cena da Arquitetura Moderna, atraindo olhares para a pequena cidade mineira. Ambas obras contaram com jardins de Burle Marx. O Colégio possui murais de Paulo Werneck e Cândido Portinari.[18] Sede das Nações UnidasSede da ONU, projeto de 1947 Em 1946 seu nome já circula internacionalmente e Niemeyer é convidado a lecionar na Universidade de Yale, mas é impedido de atender ao convite por ter o visto negado devido à sua posição política. No entanto, em 1947 Niemeyer é indicado para fazer parte da equipe de arquitetos mundiais que viria a desenvolver a Sede das Nações Unidas. Niemeyer viaja aos Estados Unidos para integrar a equipe e apresenta o projeto que seria escolhido, elaborado em conjunto com Le Corbusier. Banco BoavistaAinda em 1946 projeta o Edifício do Banco Boavista, um de seus projetos mais expressivos no Rio de Janeiro. Niemeyer aplica a curva desta vez ao tijolo de vidro que reveste a fachada frontal, iluminando e enriquecendo o interior do banco. O edifício, inaugurado em 1948, foi tombado pelo INEPAC em 1992. Década de 50Em 1950, o primeiro livro sobre seu trabalho (The Work of Oscar Niemeyer) é publicado nos EUA, por Stamo Papadaki. Parque do IbirapueraNo Brasil, projeta em São Paulo o Conjunto do Ibirapuera, (um parque com pavilhões de exposições em homenagem ao aniversário de 400 anos da cidade), inaugurado 21 de agosto de 1954. Edifício Copan
Para a mesma comemoração, Niemeyer projeta em 1951 o edifício COPAN, implantado no velho Centro de São Paulo. Seu desenho sinuoso e caráter moderno o tornariam um dos símbolos da cidade de São Paulo. O Copan é a maior estrutura de concreto armado do Brasil.[19] Casa das CanoasAinda em 1951 e no ano seguinte constrói sua própria casa no Rio de Janeiro. Esta, chamada a Casa das Canoas, nome da estrada em que se encontra, tornar-se-á muitos anos mais tarde parte da Fundação Oscar Niemeyer. A casa foi tombada em 2007 pelo IPHAN. Outras obras no períodoEm meados da década de 50, Oscar Niemeyer atuou, ainda que brevemente, no mercado imobiliário de São Paulo, para o Banco Nacional Imobiliário (BNI). Os edifícios Montreal, Triângulo, Califórnia e Eiffel são fruto de seu escritório montado em São Paulo neste período, sob supervisão do arquiteto Carlos Lemos, também responsável pela finalização e acompanhamento da execução do Copan. Na mesma época, Niemeyer também projetou o Edifício Itatiaia, em Campinas. No Rio de Janeiro, projeta em 1954 a Casa Edmundo Cavanelas, em Petrópolis, que foi usada para ambientação da minissérie Queridos Amigos (rede Globo) exibida em 2008. A casa possui uma cobertura apoiada nas quatro extremidades, que lembra um lençol ou uma tenda, de concreto. Ainda em 1954 projetou, sob encomenda de Juscelino, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Belo Horizonte, inaugurada em 1961.[20] Projetou a Escola Estadual Governador Milton Campos em Belo Horizonte, mais conhecida como Colégio Estadual Central, inaugurada em 1956, cujo conjunto foi tombado pelo Patrimônio Histórico de Minas Gerais.[21] Em 1955, funda a revista Módulo, no Rio de Janeiro, uma das mais importantes revistas de arquitetura, urbanismo, arte e cultura da década de 50. Sua produção foi proibida pela ditadura militar em 1965 e só voltou a circular em 1975.[22] Juscelino Kubitschek, eleito presidente do Brasil em 1956, volta a entrar em contato com Niemeyer, desta vez com um projeto político mais ambicioso: mover a capital nacional para uma região despovoada no centro do país. Assim, Juscelino o chama para a direção da Novacap, empresa urbanizadora da nova capital.
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— Oscar Niemeyer
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